segunda-feira, 29 de abril de 2013

Declaração de Solidariedade aos Colegas do Centro de Formação de Professores e do Centro de Ciência da Saúde


Declaração de Solidariedade aos Colegas do Centro de Formação de Professores e do Centro de Ciência da Saúde, e em Repúdio a Direção dos Centros do CFP e CCS, e a Administração Central da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.


Centro de Formação de Professores, Ato do estudantes de Letras
contra a falta de professores de Libras.

A precarização das universidades federais para além de sua óbvia e superficial problemática, esta diretamente envolvida aos interesses das classes que detém o poder econômico e político na nossa sociedade, partindo de uma estratégia de sucateamento das IFES e o fortalecimento das instituições privadas de ensino, visando à privatização do conhecimento.

A luta pelo fortalecimento das universidades públicas detém em sua essência a luta das classes populares, o homem e a mulher do campo, as comunidades quilombolas, pesqueiras, marisqueiras e tantas outras que são beneficiadas pela possibilidade de ingresso em institutos federais de ensino superior, contrariando assim os interesses das elites - comunidade acadêmica burguesa. Dessa maneira, o retrocesso e sucateamento em sua essência envolve um recorte de classes dentro dos novos moldes que o anarquismo compreende. Classes hoje para o anarquismo especifista entendem-se também por grupos oprimidos e frentes sociais, movimento dos sem terra, sem teto, desempregados, indígenas, movimentos negros, frente de luta da diversidade sexual e gênero, e tantos outros que fogem do centro do poder (homogêneo) de alguma maneira, formando-se assim zonas periféricas diversas (heterogênea), que precisam se compreender como categoria classista contra a hegemonia, na busca pela equidade e garantia de direitos negados na longa construção histórica da sociedade.
            Cartaz paralisação CFP



Portanto, o Movimento Estudantil toma dentro do espaço da Comunidade Acadêmica a essencial tarefa de vanguarda das lutas e transformações sociais e de autocrítica, agindo como fomentador de mudanças essenciais para a transformação da instituição rumo à construção de uma universidade verdadeiramente popular. O Movimento Estudantil possui também em sua alma a semente destruidora do modus operandi extremamente hierárquico e meritocrático/academicista de natureza reacionária que como um fantasma maldito e silencioso permeia o espaço universitário desde sua fundação até os dias atuais envenenando-o. De modo que [1]As universidades foram até aqui o refúgio secular dos medíocres, a renda dos ignorantes, a hospitalização segura dos inválidos e - o que é ainda pior - o lugar onde todas as formas de tiranizar e de insensibilizar acharam a cátedra que as ditasse. As universidades chegaram a ser assim fiel reflexo destas sociedades decadentes que se empenham em oferecer este triste espetáculo de uma imobilidade senil. Por isso é que a ciência frente a essas casas mudas e fechadas passa silenciosa ou entra mutilada e grotesca no serviço burocrático. Quando em momento fugaz abre suas portas aos altos espíritos é para arrepender-se logo e fazer-lhes impossível a vida em seu recinto. Por isso é que, dentro de semelhante regime, as forças naturais levam a mediocrizar o ensino, e o alargamento vital de organismos universitários não é o fruto do desenvolvimento orgânico, mas o alento da periodicidade revolucionária”.
Centro de Ciências da Saúde

Diante das ultimas paralisações ocorridas nesta universidade nos campos de Amargosa, pelos alunos de Letras contra a falta de professores de libras, e no campus de Stº Antônio de Jesus, o Coletivo Anarquista Ademir Fernando vem solidarizar-se com os companheiros de luta e estudo, nesta larga caminhada que é ingressar, cursar e concluir um curso superior nesse imenso gargalo de classes e étnico que é as IFES em todo o país, “[2]nosso regime universitário - mesmo o mais recente - é anacrônico. Está fundado sobre uma espécie de direito divino; o direito divino do professorado universitário. Acredita em si mesmo. Nele nasce e nele morre. Mantêm uma distância olímpica” do modelo de universidade que nossos professores e gestores verborragiam para a comunidade do recôncavo e a que se constrói diariamente, um modelo ditado de cima pelo REUNI/MEC, produzindo uma universidade excludente, elitista, e que sob a máscara da excelência acadêmica, caminha para a mercantilização do ensino atendendo os anseios do capital.
Cartaz paralisação curso de Letras - CFP

Compreendemos assim que [3]se não existe uma vinculação espiritual entre o que ensina e o que aprende, todo ensino é hostil e por conseguinte infecundo. Toda a educação é uma longa obra de amor aos que aprendem. Fundar a garantia de uma paz fecunda no artigo combinatório de um regulamento ou de um estatuto é, em todo caso, amparar um regime de quartel, mas não um trabalho de ciência (...)por isso queremos arrancar na raiz do organismo universitário o arcaico e bárbaro conceito de autoridade que nestas casas de estudo é um baluarte de absurda tirania e só serve para proteger criminalmente a falsa dignidade e a falsa competência.” Tão exaltadas por aqueles que dentre nós deveriam ter um compromisso com o povo e não com as forças que por muito tempo nos exploram e marginalizam nossa gente.


Com os Oprimidos e contra os opressores – sempre!
Por uma Universidade Popular e Classista!
Ademir Fernando Vive, e a luta segue nenhum passo atrás!


Cachoeira, 30 de abril de 2013.
Coletivo Anarquista Ademir Fernando
coletivoademirfernando@gmail.com






[1] Manifesto de Córdoba, 1918.
[2] Idem.
[3] Idem, ibidem.

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