Declaração
de Solidariedade aos Colegas do Centro de Formação de Professores e do Centro
de Ciência da Saúde, e em Repúdio a Direção dos Centros do CFP e CCS, e a
Administração Central da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Centro de Formação de Professores, Ato do estudantes de Letras contra a falta de professores de Libras. |
A precarização
das universidades federais para além de sua óbvia e superficial problemática, esta
diretamente envolvida aos interesses das classes que detém o poder econômico e
político na nossa sociedade, partindo de uma estratégia de sucateamento das
IFES e o fortalecimento das instituições privadas de ensino, visando à
privatização do conhecimento.
A luta pelo
fortalecimento das universidades públicas detém em sua essência a luta das
classes populares, o homem e a mulher do campo, as comunidades quilombolas,
pesqueiras, marisqueiras e tantas outras que são beneficiadas pela
possibilidade de ingresso em institutos federais de ensino superior,
contrariando assim os interesses das elites - comunidade acadêmica burguesa.
Dessa maneira, o retrocesso e sucateamento em sua essência envolve um recorte
de classes dentro dos novos moldes que o anarquismo compreende. Classes hoje
para o anarquismo especifista entendem-se também por grupos oprimidos e frentes
sociais, movimento dos sem terra, sem teto, desempregados, indígenas,
movimentos negros, frente de luta da diversidade sexual e gênero, e tantos
outros que fogem do centro do poder (homogêneo) de alguma maneira, formando-se
assim zonas periféricas diversas (heterogênea), que precisam se compreender
como categoria classista contra a hegemonia, na busca pela equidade e garantia
de direitos negados na longa construção histórica da sociedade.
Portanto, o
Movimento Estudantil toma dentro do espaço da Comunidade Acadêmica a essencial
tarefa de vanguarda das lutas e transformações sociais e de autocrítica, agindo
como fomentador de mudanças essenciais para a transformação da instituição rumo
à construção de uma universidade verdadeiramente popular. O Movimento
Estudantil possui também em sua alma a semente destruidora do modus operandi
extremamente hierárquico e meritocrático/academicista de natureza reacionária que
como um fantasma maldito e silencioso permeia o espaço universitário desde sua
fundação até os dias atuais envenenando-o. De modo que “[1]As universidades foram até aqui o refúgio secular dos medíocres, a renda
dos ignorantes, a hospitalização segura dos inválidos e - o que é ainda pior -
o lugar onde todas as formas de tiranizar e de insensibilizar acharam a cátedra
que as ditasse. As universidades chegaram a ser assim fiel reflexo destas
sociedades decadentes que se empenham em oferecer este triste espetáculo de uma
imobilidade senil. Por isso é que a ciência frente a essas casas mudas e
fechadas passa silenciosa ou entra mutilada e grotesca no serviço burocrático.
Quando em momento fugaz abre suas portas aos altos espíritos é para
arrepender-se logo e fazer-lhes impossível a vida em seu recinto. Por isso é
que, dentro de semelhante regime, as forças naturais levam a mediocrizar o
ensino, e o alargamento vital de organismos universitários não é o fruto do
desenvolvimento orgânico, mas o alento da periodicidade revolucionária”.
Diante das
ultimas paralisações ocorridas nesta universidade nos campos de Amargosa, pelos
alunos de Letras contra a falta de professores de libras, e no campus de Stº
Antônio de Jesus, o Coletivo Anarquista Ademir Fernando vem solidarizar-se com
os companheiros de luta e estudo, nesta larga caminhada que é ingressar, cursar
e concluir um curso superior nesse imenso gargalo de classes e étnico
que é as IFES em todo o país, “[2]nosso
regime universitário - mesmo o mais recente - é anacrônico. Está fundado sobre
uma espécie de direito divino; o direito divino do professorado universitário.
Acredita em si mesmo. Nele nasce e nele morre. Mantêm uma distância olímpica” do modelo de universidade que nossos professores e gestores
verborragiam para a comunidade do recôncavo e a que se constrói diariamente, um
modelo ditado de cima pelo REUNI/MEC, produzindo uma universidade excludente,
elitista, e que sob a máscara da excelência acadêmica, caminha para a
mercantilização do ensino atendendo os anseios do capital.
Compreendemos assim que “[3]se não existe uma vinculação espiritual
entre o que ensina e o que aprende, todo ensino é hostil e por conseguinte
infecundo. Toda a educação é uma longa
obra de amor aos que aprendem. Fundar a garantia de uma paz fecunda no artigo
combinatório de um regulamento ou de um estatuto é, em todo caso, amparar um
regime de quartel, mas não um trabalho de ciência (...)por isso queremos
arrancar na raiz do organismo universitário o arcaico e bárbaro conceito de
autoridade que nestas casas de estudo é um baluarte de absurda tirania e só
serve para proteger criminalmente a falsa dignidade e a falsa competência.” Tão exaltadas por aqueles que dentre
nós deveriam ter um compromisso com o povo e não com as forças que por muito
tempo nos exploram e marginalizam nossa gente.
Com os
Oprimidos e contra os opressores – sempre!
Por
uma Universidade Popular e Classista!
Ademir
Fernando Vive, e a luta segue nenhum passo atrás!
Cachoeira,
30 de abril de 2013.
Coletivo
Anarquista Ademir Fernando
coletivoademirfernando@gmail.com
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